Bonito tem rios de histórias para lhe contar

“Eu nasci há 10.000 anos atrás”

Se Bonito fosse lhe contar sua história, começaria assim, parecendo música.

Há 10.000 anos atrás foi quando teve início a ocupação humana pelos ancestrais dos Guaranis no pedacinho da Terra onde o azul das águas é estonteante.

Em 1524, o português Aleixo Garcia passou por aqui a caminho da prata do Império Inca com tamanha cobiça nos olhos que nem deve ter percebido o tesouro dos rios, tão cristalinos como um diamante, e nem o ouro do sol brilhando nas planícies pantaneiras à sua volta.

Garcia entrou para a história como o primeiro europeu a pisar em solo sul-mato-grossense.

E também como o primeiro a conhecer a letal determinação dos Guaicurus em defender o seu território – porque sabiam o quanto ele era precioso.

Novos amigos de velhas guerras.

O Tratado de Madri de 1750 celebrado pelas coroas espanhola e portuguesa deu cidadania brasileira às terras em torno de Bonito.

Mas não combinaram isso com os paraguaios e os povos indígenas, que permaneceram em conflitos constantes.

Por volta de 1830 tribos Guaicurus cruzaram o rio Paraguai em busca da paz. Vieram Terenas e Chamacocos.

Vieram também Mbayás, pais da nação Kadiwéu, os temidos índios cavaleiros que foram decisivos na Guerra do Paraguai, a partir de 1864.

Os kadiwéus sabiam se tornar invisíveis para os soldados paraguaios.

Em disparada pelos campos de luta, inclinados na lateral do cavalo, disparavam suas lanças.

Algumas vezes essa habilidade custava clavículas quebradas – Anhuac, aportuguesada para Nioaque, palavra curiosa que tem todas as 5 vogais em suas 7 letras.

Em 1870 termina a guerra e o lugar hoje conhecido por Bonito se torna definitivamente Brasil.

Das lutas nasceram muitas afinidades, que com o tempo se tornaram uma grande amizade e um dicionário local que abraça palavras portuguesas, tupis-guaranis e espanholas.

Sobreviveram saborosas receitas compartilhadas entre antigos inimigos e tesouros escondidos sob figueiras, cujos donos não voltaram para desenterrar.

Você já deve desconfiar o que virou um dos cenários de batalha com 600.000 m2 onde as lanças zagaias voavam pelo ar.

Moro num país tropical, abençoado por Deus e Bonito por natureza.

Quando estiver na Coronel Pilad Rebuá, a rua principal da cidade e que chega no Zagaia em 3 minutos, imagine tudo o que é Bonito por natureza coberto de neve. Que se saiba, este paraíso tropical viu isso acontecer uma única vez, em 1957.

Quer saber outras coisas bem peculiares da região de Bonito?

Chame o garçom e peça um Tereré.

Um grupo de amigos brasileiros e paraguaios, viajantes do tempo, lhe contará que essa bebida foi invenção deles nas tréguas da Guerra do Paraguai, quando confraternizavam com chimarrão frio, porque não havia como aquecer a água.

Um kadiwéu carregando a lança zagaia irá sorrir, balançar a cabeça e dizer que não foi bem assim.

Com a autoridade de quem primeiro retratou estas matas e rios em desenhos coloridos e geométricos em peças de cerâmica, ele vai lhe dizer que o Tereré é coisa dos irmãos Guarani, de bem antes do tempo dos Jesuítas.

 

Feche os olhos e respire fundo.

Talvez sinta os perfumes com ervas aromáticas criados antigamente por imigrantes franceses.

Nesse instante irá ouvir carroças. São os gaúchos chegando dos pampas no final do século 19, trazendo o amor pelas carnes que até hoje vive no churrasco pantaneiro e no cardápio do Zagaia.

Em sentido oposto, vindo do pantanal sul, vem imensas comitivas com 5.000 bois levantando a poeira que já não existe mais na Pilad Rebuá.

Surgirá um homem envolto em uma aura brilhante, às margens do Rio Formoso, gesticulando e apontando para o céu.

Sem que ele diga uma palavra, entenderá tudo: cuide da natureza. Esse é Sinhozinho, a história mais bonita de Bonito.

A cada passo e a cada passeio, a história de sua viagem será também a nossa: vamos ajudar você em tudo em seu roteiro, da hospedagem à visita aos atrativos.

E quem sabe um dia alguém diga para outro alguém fechar os olhos e imaginar você quando esteve aqui.

Flutuando em rios preservados tão cristalinos como sempre foram desde o primeiro capítulo da história de Bonito.