ZAĠĀYA, AZ-ZAGAIA, AZAGAIA, ZAGAIA.

Uma ponta-de-lança guerreira tremula irrequieta no quadrado laranja da logomarca do Zagaia Eco Resort Bonito.

A Zagaia aponta para o azul do céu do maior Resort sul-matogrossense como quem diz, erguendo o dedo indicador:

“Só o tempo sabe das aventuras que vivi”.


Primeiras lanças Zagaia tinham ponta feita de osso ou de chifre

São histórias “do tempo do Zagaia”, ou do “tempo do onça”, termos populares usados em algumas partes do Brasil para se referir a algo
muito, muito antigo mesmo.

A lança Zaġāya provavelmente foi arremessada pela primeira vez há 10.000 anos, no final do período Paleolítico, pelas mãos de um berbere no calor de uma batalha por território ou por comida, no deserto do Saara, no norte da África, onde hoje estão o Marrocos e o Egito.


Guerreiro Zulu

Na língua Hauçá, uma das mais importantes da África e aparentada com o árabe, o hebraico e o egípcio antigo, a palavra Zaġāya significa cercar, acercar, rodear e circundar, sugerindo claramente os objetivos e usos da lança.

A madeira utilizada na confecção era a mais forte possível. Os zulus, por exemplo, tinham preferência por determinada árvore, que mais tarde foi batizada de Zulu Assegai, em referência à lança Assegai.


Soldado Askari equipado com a lança Zagaia / Assegai. Foto feita em 1943, em Pretória, África do Sul, pelo Tenente Chetwyn, fotógrafo oficial do War Office.

Curta e delgada, utilizada para caça e pesca, a Zaġāya era equipada com ponta feita de chifre ou de osso, que podia ser bifurcada.

Entre os anos 711 e 1.492 a nossa lança já estava na Europa.

No velho continente, ela participou de muitas lutas ao sul da Península Ibérica, empunhada por árabes, vencendo as armaduras dos cristãos espanhóis: os mouros haviam dado a ela uma nova ponta, em metal, e também outra pronúncia: Az-Zagaia.

Chegou ao centro-oeste brasileiro como Azagaia no sotaque aportuguesado de sírios e libaneses, lá pela metade do século 19.

Encontrou aqui a sua alma gêmea, a quem emprestou o nome e o ferro.


Guaicurú empunhando uma lança Zagaia

Porque já existia uma longa lança, similar às africanas, com ponta de osso ou de chifre, usada pelos heroicos povos guatós e kadiwéus para proteção, batalhas e caça nos campos onde reinavam onças-pintadas, queixadas e jacarés.

A Zagaia que fez história na região de Bonito é longa, chegava a ter 4 metros de comprimento.

Cavaleiros incrivelmente talentosos souberam torná-la ainda mais temida.


Aquarela “Carga de Cavalaria Guaicuru”, Jean-Baptiste Debret

O francês Jean-Baptiste Debret retratou em sua aquarela “Carga de Cavalaria Guaicuru”, publicada em 1.834, o pavor que a lança Zagaia
causava aos inimigos:

“Cada cavaleiro, unicamente apoiado com pé direito no estribo, segura a crina com a mão esquerda e assim se mantém suspenso e deitado ao longo do corpo do cavalo e conserva essa atitude até chegar a carregar a lança e, então se ergue na sela e combate com vantagem…”

Imagine a surpresa ao descobrir, a poucos metros de você, guerreiros ferozes surgindo de trás de seus cavalos e apontando afiadas Zagaias em sua direção.

Isso explica por que os exímios cavaleiros guaicurus frustraram por 300
anos as tentativas europeias de conquista do pantanal brasileiro.


Capa do livro “Tigrero”, de Alexander “Sasha” Siemel

Os feitos da Zagaia como caçadora atiçaram o espírito de aventura de Alexander “Sasha” Siemel, europeu da Letônia.

Siemel teve o primeiro contato com a Zagaia em 1914, quando veio ao Brasil para trabalhar em campos de mineração de diamantes, época em que havia apenas um Mato Grosso.

Ouviu de um morador local que o verdadeiro caçador de onças, o “tigrero”, precisava de apenas um instrumento, a Zagaia.

Ele aprendeu a manusear a lança com o melhor dos mestres – um guató – e em 1925 Siemel se tornou o primeiro homem branco a matar uma onça utilizando a Zagaia. A lança que Siemel usou tinha 7 pés de comprimento, mais de 2 metros.


Sasha Siemel e sua Zagaia

Sasha Siemel foi contratado por fazendeiros para proteger os rebanhos de predadores.

Trabalhou em fazendas no pantanal dedicadas à caça de onças pintadas, e promoveu safaris que atraíram estrangeiros de diferentes
continentes.

Se tornou uma celebridade, uma espécie de Indiana Jones. Ele escreveu com a ponta cortante e ensanguentada da Zagaia a sua
fama de caçador profissional de onças: teria abatido mais de 300 delas, da forma que relatou em seu livro “Tigrero”.

Deu entrevistas para grandes jornais, inspirou documentários, se tornou fotógrafo e ator.

E desapareceu esquecido pela história quando surgiram os novos heróis de nosso tempo, os que protegem e preservam.


A ponta da Zagaia, como uma refrescante lembrança do passado

Em 1995, pacificamente, a Zagaia recebeu a sua merecida homenagem.

Preenchida pelo vibrante amarelo do sol em um quadrado laranja, a ponta da lança ganhou lugar de destaque nos 650.000 m2 do Zagaia Eco Resort Bonito, no gramado frente à recepção.

Ela dá as boas-vindas aos que chegam para dias que serão emocionantes de uma forma diferente.

Mergulhando em piscinas, percorrendo trilhas em matas nativas, explorando as maravilhas das grutas, caminhando na copa das árvores,
seguindo a correnteza gentil das águas em alegres boias coloridas, flutuando nos rios cristalinos de Bonito.

E também dando um pulinho logo ali, no Pantanal Sul, para encontrarem onças-pintadas e jaguatiricas em um safari.

Fotográfico, claro.

Em todo o Brasil – e até fora dele – hoje Zagaia significa paz na terra, harmonia com a natureza e comunhão entre todos os povos.

Em forma de Resort no fantástico destino de ecoturismo onde tantos os felinos quanto as zagaias podem repousar tranquilamente.


Jaguatirica, Pantanal Sul, região de Bonito, Brasil.

 


Réplica da lança Zagaia, dos Guaicurus. Acervo do Zagaia Eco Resort Bonito.